quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Saúde para profissionais de TI


Contra lesões, médicos produzem mouses ergonômicos

BRUNO DE OLIVEIRA
Colaboração para a Folha Online
É cada vez mais freqüente a procura por mouses que driblem o LER, ou lesão por esforço repetitivo. Segundo estudo feito pela Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados Unidos (OSHA) de 2005, uma em cada seis pessoas ainda sofrem de danos severos causados pelo uso do computador e do mouse no mundo.
O aumento de lesionados, somado à falta no mercado de mouses ergonomicamente corretos, foram os principais fatores que levaram dois médicos a projetarem dispositivos que suprissem essas necessidades. Um deles é Julio Abel Segalle, 65, responsável pelo mouse que garante a posição funcional, ou seja, o equilíbrio e o repouso dos músculos das mãos.
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Mouse ergonômico de R$ 275 promete garantir a posição funcional, ou seja, o equilíbrio e o repouso dos músculos das mãos
Mouse ergonômico de R$ 275 promete garantir a posição funcional, ou seja, o equilíbrio e o repouso dos músculos das mãos
Segalle passou dez anos desenvolvendo o novo periférico, que está disponível no mercado há apenas cinco meses no site de sua empresa (www.orthovia.com.br).
"Percebi, do ponto de vista da medicina, alguns erros no design dos dispositivos que existem hoje. Então reuni meus conhecimentos médicos com os de alguns especialistas em ortopedia no Brasil e nos EUA para concluir o projeto", conta.
Questionado sobre os altos preços de aparelhos com essas características --os valores variam entre R$ 500 e R$ 800 no mercado nacional e são considerados fora dos padrões do brasileiro--, o médico justifica os R$ 275 de seu produto com base na premissa do "barato que sai caro".
"Não podemos analisar o produto pelo preço final, porque os benefícios que ele proporciona aos usuários acabam compensando o valor investido. O que sairia mais caro, um mouse que custa R$ 400, R$ 500, R$ 1.000 ou os custos de um tratamento hospitalar por causa da LER?"
Outro médico que gastou algumas horas na prancheta foi Luiz Cesar Peres, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo). Ele sentiu na pele os motivos que o levaram a desenvolver um mouse cuja forma lembra uma caneta, ainda indisponível para venda.
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Mouse de Luiz Cesar Peres, da USP, inspirado no formato de caneta, surgiu do poder intuitivo que as pessoas têm ao escrever
Mouse de Luiz Cesar Peres, da USP, inspirado no formato de caneta, surgiu do poder intuitivo que as pessoas têm ao escrever
"Comecei a sentir dores durante o doutorado e passei a procurar alternativas que me dessem mais conforto. A primeira tentativa foi simplesmente fixar um tubo de cola em bastão sobre o mouse e utilizá-lo como um joystick, que me garantiram uma empunhadura mais ergonômica."
A inspiração no formato de caneta, diz Peres, surgiu do poder intuitivo que as pessoas têm ao escrever.
"A posição inclinada induz qualquer usuário a adquirir uma postura mais relaxada da mão, como quando vamos escrever. Não há necessidade de se mudar a mão de lugar, somente o movimento dos dedos é suficiente para o manuseio", explica o médico.

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