sábado, 9 de janeiro de 2010

Emoção, alegria e amor


Vai ser muito difícil conseguir expressar tudo que vivi no dia 16/12/2006, mas vou tentar.

Tem oportunidades na vida que não podemos deixar passar de maneira nenhuma. Emoções tão fortes que marcam de uma forma boa sua alma por toda a eternidade.

Sempre fui muito feliz com o Natal e não estou falando dos presentes mas da maravilhosa sensação que o Espírito do Natal traz. Por muito anos alimentei a vontade de me vestir de Papai Noel nessa época e igual a outras pessoas, fiz isso algumas vezes.

Pode parecer estranho, mas percebia que as crianças que ganhavam os presentes ficavam mais desiludidas do que felizes. Para mim, aquela falsa barba branca dava para as crianças, a certeza que Papai Noel não existia e que era apenas um homem com uma roupa engraçada dando brinquedos. Isso me incomodava muito, pois eu estava ajudando a matar o Espírito de Natal no coração deles.

Algum tempo se passou, mas aqueles rostinhos não paravam de me incomodar e foi então que tive uma brilhante ideia. Não cortaria o cabelo e nem a barba por 6 meses e no natal iria descolorir os dois. Os dias passaram, as pessoas se dividiam em os que apoiavam e os que achavam ridículo tudo isso, mas eu tinha tomado a decisão e não voltaria atrás.

Dia 14/12/2006, salão de beleza.: 4 horas com produtos químicos no cabelo e na barba. Só pude ver o resultado no final. MINHA NOSSA, VIREI O PAPAI NOEL !!!

Quem estava no salão de beleza ficou espantado. Eu realmente fiquei muito parecido com a imagem que temos desse personagem que é tão querido por todos. Logo que sai do salão pude ver que estava certo de ter feito tudo aquilo e que o sacrifício valeu a pena. Havia um pai com um menino de aproximadamente 4 anos na rua e o garoto estava fazendo manha. Quando os dois me viram o espanto foi imediato. O garoto ficou quieto como estivesse na frente do próprio Papai Noel. O pai, percebendo a reação do menino, falou “Ta vendo, se você continuar fazendo isso, ele não vai te trazer presente”. Aquilo teve o efeito mágico para mim, mas o melhor foi ouvir o menininho dizendo “Tchau Papai Noel”.

Em casa foi ótimo, pois minha filha que tinha 1 ano e 9 meses na época, ficou orgulhosa, pois ela era filha do verdadeiro Papai Noel. No trabalho foi fantástico, pois fui com uma camisa vermelha e ficou parecendo que o Papai Noel tinha ido visitar todos os pais e mães que trabalhavam lá. Tirei muitas fotos recebendo as cartinhas das crianças. Minha ideia estava, cada vez mais, dando certo. Despertei a esperança no coração dos pequenos.

O dia 16/12/2006 enfim chegou. Produção, ajudantes de Papai Noel, presentes e muita fé. Pelas ruas onde passava ouvia as pessoas gritando “Papai Noelllllllllllllllll !!!!”. Visitamos uma creche, um lar para crianças HIV + e uma clínica de crianças com paralisia cerebral.

Meus amigos, eu estava certo. Realmente todo eu esforço foi recompensado. Em cada lugar que visitei pude notar a mudança no semblante dos pequenos.

Infelizmente essas crianças só são lembradas em épocas comemorativas e naquela altura já estavam acostumadas com barrigas falsas barbas empoeiradas e apenas esperavam mais um “presentinho”. Tanto na creche quanto no lar da crianças com HIV + tive a mesma reação delas. Todas chegam sem esperar muito. Uma a uma, seus rostos mudavam, de descaso para espanto. A cada presente entregue um brilho no olhar, muitos puxões na barba e a certeza de que eles realmente estavam com o Bom Velhinho. Por alguns instantes, o presente ficava para segundo plano, pois tenho certeza que tinha cumprido minha missão. O espírito de Natal estava em todos aqueles corações.

Na clínica de crianças com paralisia cerebral, infelizmente não chegamos a tempo e por conta da medicação que tomam, seria muito ruim para elas ficarem agitadas. No ano anterior eu os tinha visitado. Não vou descrever aqui o que vi lá, mas o que posso dizer é que os poucos que sabiam o que era o homem barbudo com roupa vermelha, a seu modo, mostraram felicidade.

Sei que não detalhei cada passagem daquele dia, mas acho que deixei claro essa experiencia tão feliz que vivi.

Agradeço a Deus por ter tido a honra de tocar o coração daquelas crianças, por ter sido o instrumento usado por ele para trazer alegria, amor e esperança a todos que estiveram comigo.

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